há dois tipos de tomada de decisão: em primeiro lugar, há a tomada de decisão perceptual, que se baseia em informações sensoriais: tenho tempo para atravessar a estrada antes que esse carro se aproxime? Depois, há a tomada de decisões com base no valor, quando não há uma boa ou má decisão enquanto tal, mas há que fazer uma escolha entre várias propostas: será que quero comer maçãs ou damascos? Ao tomar decisões baseadas no valor, as escolhas são feitas muito rapidamente se houver uma grande diferença de valor entre as diferentes propostas. Mas quando as proposições são semelhantes, a tomada de decisões torna-se muito complexa, embora, na realidade, nenhuma das escolhas seja pior do que qualquer outra. Porquê?
o valor de uma escolha reside na diferença
Satohiro Tajima, um pesquisador do Departamento de Neurociências Básicas da Faculdade de Medicina do UNIGE, desenhou um modelo matemático simples que demonstra o seguinte:: a estratégia ideal quando confrontado com duas proposições é resumir os valores associados com as memórias que você tem de cada escolha, em seguida, calcular a diferença entre essas duas somas (eu tenho memórias mais positivas ligadas a eclairs de chocolate ou macaroons?). A decisão é tomada quando esta diferença atinge um valor-limite, fixado antecipadamente, que determina o tempo necessário para tomar a decisão. Este modelo conduz a uma tomada de decisão rápida quando os valores das duas possibilidades estão muito distantes. Mas quando duas escolhas têm quase o mesmo valor, precisamos de mais tempo, porque precisamos de mais memórias para que esta diferença atinja o limiar de decisão. O mesmo processo está a funcionar quando temos de escolher entre três ou mais possibilidades?
A média dos valores para cada escolha, decide o vencedor
Para cada escolha, queremos maximizar o ganho possível no mínimo de tempo. Então, como vamos proceder? “O primeiro passo é exatamente o mesmo quando se faz uma escolha binária: reunimos as memórias de cada escolha para que possamos estimar o seu valor combinado”, explica Alexandre Pouget, professor do Departamento de Neurociências Básicas da UNIGE. Então, usando um modelo matemático baseado na teoria do controle escolástico ótimo, em vez de olhar para o valor cumulativo associado a cada escolha independentemente, a decisão repousa na diferença entre o valor cumulativo de cada escolha e o valor médio dos valores acumulados sobre todas as escolhas. Tal como no caso anterior, a decisão é tomada quando uma destas diferenças atinge um valor-limite pré-determinado. “O fato de que a decisão é baseada no valor cumulativo menos a média dos valores de todas as possibilidades explica por que as escolhas interferem umas com as outras, mesmo quando algumas diferenças são gritantes”, continua o professor Pouget.
se as diferentes opções possíveis tiverem valores semelhantes, a média será quase idêntica ao valor de cada escolha, resultando em um tempo de tomada de decisão muito longo. “Fazer uma escolha simples pode levar 300 milissegundos, mas uma escolha complicada às vezes dura uma vida inteira”, observa o pesquisador baseado em Genebra.
o estudo UNIGE mostra que o cérebro não toma decisões de acordo com o valor de cada oportunidade, mas com base na diferença entre elas. “Isso destaca a importância do sentimento de ter que maximizar os possíveis ganhos que podem ser obtidos”, diz O professor Pouget. Os neurocientistas agora se focarão em como o cérebro revisita a memória para invocar as memórias associadas a cada escolha possível, e como ele simula a informação quando confrontado com o desconhecido e quando ele não pode tomar uma decisão baseada em memórias.